Banco Central sobe juros para 11,25% ao ano em resposta à inflação e alta do Dólar
Comitê de Política Monetária eleva a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, apontando incertezas na economia global e cobrando ajustes fiscais no Brasil
Diante da alta recente do dólar e das incertezas sobre a inflação e a economia global, o Banco Central decidiu aumentar a taxa Selic para 11,25% ao ano, uma alta de 0,5 ponto percentual definida por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A decisão, que já era esperada pelo mercado financeiro, reflete o ciclo de contração da política monetária para conter a inflação, após sucessivos cortes entre 2023 e 2024.
O aumento da taxa de juros ocorre em meio a uma conjuntura econômica incerta tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, que enfrenta dúvidas sobre os ritmos de desinflação e a postura futura do Federal Reserve (Fed). O Copom também destacou a necessidade de ajustes na política fiscal brasileira, cobrando maior controle dos gastos públicos para ajudar no controle da inflação e na redução dos riscos para os mercados financeiros.
A Selic, principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, foi ajustada em resposta à pressão sobre os preços, especialmente de alimentos e energia, que têm sido impulsionados pela alta do dólar e pela seca prolongada. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 4,42% nos últimos 12 meses e está próximo do teto da meta de inflação definida para este ano.
O Banco Central revisou suas previsões de inflação, agora estimando que o IPCA fechará 2024 em 4,6%, acima do teto da meta de 4,5%. As projeções também indicam uma inflação de 3,9% em 2025 e 3,6% no primeiro trimestre de 2026, considerando um horizonte ampliado de 18 meses.
O aumento da Selic encarece o crédito, desestimulando o consumo e a produção, o que ajuda a frear a inflação, mas também pode dificultar o crescimento econômico. Ainda assim, o Banco Central ajustou para cima sua projeção de crescimento do PIB para 3,2% em 2024, após o resultado de 3,1% para o ano anterior.